O deputado Elias Vaz (PSB-GO) questionou o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a omissão na Declaração Confidencial de Informações (DCI), entregue ao Conselho de Ética Pública do Governo Federal, de que sua filha e esposa são sócias de sua offshore em paraíso fiscal, nas Ilhas Virgens Britânicas, quando tomou posse no comando do Ministério da Economia. Guedes compareceu à Câmara, nesta terça-feira (23), para prestar esclarecimentos sobre o escândalo envolvendo seu nome como titular de offshore milionária com patrimônio estimado em R$ 50 milhões.
Esta é a segunda reunião marcada para ouvir o ministro. Na última semana, Guedes não compareceu à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, mesmo sendo convocado pelo colegiado a pedido do deputado Elias.
“O ministro afirmou que não mentiu na DCI porque não vê conflito de interesses da filha e esposa serem sócias da offshore, mas as perguntas do documento são claras: se possui cônjuge, companheiro ou parentes até terceiro grau atuando em áreas afins à competência de seu cargo e se é sócio ou empregado de pessoa jurídica que atua em área ou matéria afim a sua competência. O ministro marcou não nas duas perguntas. Como não? Se a filha e a esposa são sócias na offshore?” De acordo com o deputado, o documento diz que não, mas os advogados do ministro soltaram nota afirmando que o governo sabia da informação.
Ainda na DCI, Guedes declarou ser proprietário exclusivo de um fundo exclusivo gerido pelo banco Itaú, segundo Elias. O socialista perguntou ao ministro em que data o fundo foi criado e qual o valor do fundo hoje. “De janeiro de 2019 a julho de 2021 o fundo obteve lucro de aproximadamente R$ 6,9 milhões, passando de R$ 15,7 milhões para R$ 22,6 milhões. Não há conflito de interesse em ter um fundo de investimento milionário e ser ministro da Economia?”
FALTA DE RESPOSTAS:
Paulo Guedes não respondeu claramente a nenhuma das perguntas. Afirmou o tempo todo que não vê conflito de interesses e que foi orientado pelos seus advogados a assinar o documento com essas informações. O ministro disse ainda que isso tudo não passa de barulho político de quem não entende do que se trata e se recusou a apresentar documentos que mostram os lucros que obteve na offshore no período em que está à frente do ministério da Economia.
O deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) questionou o que o ministro quer esconder quando decide não apresentar as informações solicitadas pelos parlamentares. “Toda vez que o dólar fica mais caro, o povo brasileiro fica mais pobre e o ministro fica mais rico. Essa é a verdade e ninguém consegue esconder. O que estamos questionando é a maior autoridade da economia se beneficiar dos próprios erros na condução da economia que está destruindo o Brasil. Enquanto o povo vive o inferno, Paulo Guedes ganha cada dia mais no paraíso fiscal”, disse o socialista.
REALIDADE PARALELA:
Em sua fala, Paulo Guedes afirmou que a economia está a pleno vapor, inclusive com alta na geração de empregos por meio de políticas econômicas do Governo Federal. “Conseguimos colocar o Brasil em pé de novo com o crescimento de 5,4% este ano”, disse Guedes que complementou que o dólar aumentou no país por culpa da pandemia da Covid-19 e por questões políticas como a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e não por questões econômicas.
A realidade do Brasil é completamente diferente da apresentada pelo ministro. O país tem mais de 13,7 milhões de desempregados, o 4º maior índice do mundo, e 19 milhões de pessoas passando fome. “O ministro faz um balanço da sua gestão e esquece de colocar que o dólar disparou, a inflação está em dois dígitos e o brasileiro enfrenta o aumento do preço da gasolina, gás, da carne. Essa situação é resultado da política econômica que leva o país ao abismo”, lamentou Elias Vaz.
De acordo com o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), realmente a pandemia da Covid-19 atingiu todo o mundo, mas segundo ele, no Brasil foi pior por culpa do governo Bolsonaro. “O país vai mal, a economia vai mal. A projeção da inflação passou de 9,77% para 10,12%, bem acima do teto da meta inflacionária. A previsão de crescimento do PIB para o ano que vem é de apenas 0,7%. O desemprego é o dobro da média mundial. A culpa disso tudo é do governo que somou a pandemia a instabilidade política criada pelo presidente. Não dá para dourar a pílula”, afirmou Molon.