Socialistas criticam discurso de Bolsonaro na Assembléia Geral da ONU

“Bolsonaro voltou a mentir para o mundo, ao dizer que há uma campanha de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. O que existe é uma ação sistemática do seu Governo para reduzir a fiscalização, ameaçar fiscais e estimular atividades ilegais nesses dois biomas”, afirmou o líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ) sobre o discurso do presidente Bolsonaro, nesta terça-feira (22), na Assembleia Geral da ONU.

O presidente Bolsonaro destorceu e mentiu diversas vezes em seu discurso. Além de dizer que existe uma campanha com interesses escusos sobre o fogo na Amazônia e no Pantanal, afirmou, também, que existem queimadas isoladas feitas por índios e caboclos para sua subsistência. “Além de negar o aumento do desmatamento ocorrido na Amazônia em seu Governo, Bolsonaro tenta transferir a sua responsabilidade para indígenas e moradores locais, que são justamente os mais prejudicados pelas ações predatórias e pelos incêndios. O presidente envergonhou o Brasil mais uma vez”, completou Molon.

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) também criticou o fato de Bolsonaro ter minimizado as queimadas. Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente, que coordena o Sistema de Alerta de Desmatamento do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), mostram que o desmatamento na Amazônia subiu 68% em agosto de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 1,5 mil quilômetros quadrados de floresta perdida num único mês, o número mais alto da última década. Nos primeiros oito meses desse ano, a área de mata nativa que foi perdida chega a cinco mil quilômetros quadrados, 23% a mais do que em 2019. “Para coroar o festival de bobagens, Bolsonaro buscou endeusar o presidente dos Estados Unidos, a quem tem como mentor em suas ações de descoordenação. O dia de hoje ficará marcado como o Dia da Vergonha Brasileira no mundo”, disse Lídice.

Bolsonaro culpou, ainda, a Venezuela pelo derramamento de óleo no Nordeste, sem nenhuma comprovação, e disse que enfrentou a pandemia do novo coronavírus de “maneira arrojada com medidas econômicas que evitaram um mal maior”. De acordo com Danilo Capiberibe (PSB-AP), Bolsonaro contou na ONU as mentiras que conta no whatsapp, ignorou a realidade do Brasil e escondeu que o auxílio emergencial que queria aprovar era no valor de R$ 200, mas que o Congresso passou para R$ 600. Em seu discurso, Bolsonaro citou ainda ajuda a indígenas na pandemia, mas a proposta veio do Congresso e chegou a ter diversos pontos vetados pelo próprio presidente, que só foram sancionados porque o Congresso derrubou a maioria dos vetos.

Bolsonaro culpou a imprensa por fazer uso político da pandemia e, segundo ele, disseminar o pânico entre a população com a recomendação de ficar em casa. Recomendação esta que foi feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como único método eficaz de combate à pandemia. Para o deputado Tadeu Alencar, o discurso do presidente foi vexatório, “recheado de mentiras, meias-verdades, teorias da conspiração e negacionismos”.

O presidente transferiu, ainda, a culpa para os governadores e prefeitos porque o STF deixou a cargo deles as decisões sobre as medidas de isolamento. Mas se isso não tivesse sido feito provavelmente o número de mortes no País seria ainda maior. Sabe-se, também, que a todo momento o representante máximo da Nação foi às redes sociais e televisão para diminuir a gravidade da pandemia e criticar medidas de isolamento.