O deputado Elias Vaz (PSB-GO) questionou o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a Portaria do Ministério da Economia que estipulou aumentos de até 69% no salário do presidente Bolsonaro, do vice-presidente Amilton Mourão e de ministros. Os salários chegam a R$ 66 mil, o que estoura o teto constitucional atual de salários que é de R$ 39,2 mil. “O senhor sempre fez um discurso de austeridade e do combate aos privilégios, mas no dia 30 de abril o Ministério da Economia soltou essa Portaria com o aumento escandaloso de salários. E essa a visão de austeridade?”, perguntou Elias. O ministro participou de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, nesta quarta-feira (7).
O socialista informou que dados do Ministério mostram que o impacto dos aumentos será este ano de R$ 184 milhões e, nos próximos três anos, o impacto somará mais de R$ 500 bilhões. “Só com o valor deste ano daria para pagar R$ 750 mil auxílios emergenciais por mês. O governo apresenta reformas que tiram direitos de trabalhadores que ganham pouco, mas cria Portaria para aumento de salários dos amigos do “rei”. É lamentável, sobretudo neste momento de crise que o país enfrenta. É um tapa na cara do povo brasileiro.”
Paulo Guedes afirmou que a medida não está em sua esfera de decisão e que cumpriu uma orientação da Advocacia Geral da União (AGU). “Não mando aumentar e nem reduzir o salário de ninguém. É uma decisão política”, disse. O deputado Elias Vaz também quis saber a opinião do ministro sobre a taxação de grandes fortunas na Reforma Tributária, medida defendida pelo PSB. O ministro disse que isso pode afundar o país.
Paulo Guedes falou que a economia está em crescimento e que o país se saiu muito melhor do que países europeus durante a crise imposta pela pandemia da Covid-19. O ministro falou inclusive sobre o aumento de emprego no país, mas o Brasil enfrenta desde o ano passado a maior série de taxa média de desemprego desde 2012, segundo o IBGE. Guedes disse ainda que a vacinação está avançando e que o governo não tem nenhum escândalo de corrupção. Mas a CPI da Covid no Senado investiga a possível tentativa de superfaturamento na compra de vacinas no Ministério da Saúde.
O deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) discordou do ministro e afirmou que a situação econômica é preocupante. “Hoje temos 19 milhões de pessoas passando fome. Essa é uma situação calamitosa que atinge sobretudo os mais pobres. Como estão medindo o desempenho da economia? Com índices da bolsa de valores? Porque isso não afeta a vida da população brasileiro, mas sim o preço de arroz, feijão e gás de cozinha que estão altíssimos”, afirmou o socialista. O deputado criticou a política de privatização de empresas estatais como a Eletrobras e os Correios e acrescentou que as medidas resultarão nas demissões em massa. “A agenda do governo não contribui para o desenvolvimento, mas aumenta o buraco do país e prejudica o povo brasileiro.”