A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática aprovou, nesta quarta-feira (22), moção de repúdio contra a declaração do presidente Bolsonaro em defesa do tratamento precoce da Covid-19 em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, ontem, em Nova York. O pedido de moção foi feito pelo presidente do colegiado, deputado Aliel Machado (PSB-PR), e subscrito pelo deputado Bira do Pindaré (PSB-MA).
Aliel afirmou que cabe a Comissão de Ciência e Tecnologia se posicionar contra a afirmação do presidente da República na defesa de um tratamento sem nenhuma comprovação científica. “Esse é uma questão de saúde pública. É muito grave que o presidente, representando nosso país, faça essa defesa que vai contra a ciência. Estamos em um momento em que ainda perdemos 500 vidas brasileiras por dia, onde precisamos avançar na vacinação. É o momento em que clamamos pela ciência e o respeito aos protocolos e tivemos um discurso ideológico voltado para apoiadores e que desacredita a ciência”, lamentou.
O socialista destacou ainda que o atraso nas vacinas se deve a ineficiência e irresponsabilidade do governo Bolsonaro. “Em defesa da ciência, da responsabilidade, em respeito aos profissionais de saúde, aos nossos cientistas e as quase 600 mil vítimas da Covid-19, é preciso que essa comissão se posicione em moção de repúdio contra a afirmação do presidente”, justificou.
Para o deputado Bira, a manifestação de Aliel é pertinente, adequada e à altura dos acontecimentos vistos ontem em Nova York. “É vergonhoso e triste ver o presidente se comportar como líder mundial do negacionismo, ignorância e imbecilidade. A Comissão cumpre seu papel ao manifestar isso publicamente”, afirmou.
Discurso de Bolsonaro – Além da defesa de um tratamento precoce sem comprovação científica para tratar a Covid-19, o presidente não falou da importância da vacinação e se colocou contra a obrigatoriedade dela. Ele disse ainda que o Brasil tem uma legislação ambiental que é exemplo para o mundo, sem citar o aumento do desmatamento em seu governo e as denúncias de crimes ambientais praticados em seu governo. Bolsonaro falou o valor errado do auxílio emergencial e culpou prefeitos e governadores pela alta da inflação, com as medidas de lockdown.