Durante a terceira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas, ocorrida nesta terça-feira (13), o líder do PSB na Câmara e relator do colegiado, Felipe Carreras (PE), reafirmou o compromisso em trabalhar para devolver a credibilidade para o futebol, promovendo transparência nas investigações. “O foco é o bem do futebol brasileiro. Não vamos fugir do nosso rito de trabalho”, declarou Carreras.
Na ocasião, ele defendeu a importância de seguir o plano de trabalho proposto por ele, para que cada depoimento contribua para jogar luz no esquema que ele considera o maior escândalo do futebol brasileiro, a manipulação de resultados de jogos de campeonatos estaduais e do Brasileiro, revelados na operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás. Para o relator é importante que seja priorizada a votação de requerimentos de convocação de envolvidos no esquema. Já aqueles que não tiverem nenhuma evidência de envolvimento devem ser convidados, como ministros de Estado, o presidente do Banco Central, representantes da Receita Federal e de empresas de apostas.
Para Carreras, a CPI está colhendo material e, até o momento, não tem nenhum indício, em nenhuma investigação em andamento, da participação das casas de apostas no esquema de fraude. “No plano de trabalho aprovado pela CPI está a previsão de que as empresas tenham espaço para explanar, responder perguntas de deputados, através da associação que as representa. Caso haja, futuramente, alguma suspeita objetiva sobre qualquer uma dessas empresas, elas devem ser convocadas para prestar esclarecimentos”, afirmou.
Carreras reforçou que é preciso fundamentação em todas as ações da CPI, para que tudo fique claro e transparente. “Não estamos aqui para criminalizar ninguém, mas para desvendar os fatos que estão adoecendo o futebol brasileiro. O nosso foco é o bem do esporte e não vamos fugir do nosso rito de trabalho” reforçou.
O deputado disse ainda que a Comissão deve se debruçar em marco regulatório para combater as fraudes e mitigar os riscos de reincidência nas práticas ilícitas que forem identificadas.
Depoimentos
Prestaram esclarecimentos hoje à CPI o presidente da Federação Goiana de Futebol, Ronei Ferreira de Freitas, o presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Goiás, Paulo Cézar Ferreira de Almeida, o ex-presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Goiás, Cleyton Pereira dos Anjos e o presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do estado de Goiás, Júlio Cesar Garcias. O foco foram ações preventivas e a indicação de possíveis indícios de envolvimento de outros atores no esquema de manipulação de resultados.
O relator Felipe Carreras (PSB-MA) lembrou que não foi encontrado, na Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, nenhum indício de envolvimento de árbitros no esquema.
O jogador Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos,que também havia sido convocado para a reunião de hoje, não compareceu devido a habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu o habeas corpus e alegou que “ninguém é obrigado a se incriminar”. O jogador se justificou e não compareceu à sessão.
O ex-volante do Vila Nova Marcos Vinicius Alves Bezerra, conhecido como ‘Romário’, não compareceu. A defesa do jogador alegou que o jogador enfrenta dificuldades financeiras, pois está sem trabalho desde que as denúncias de manipulação de resultados vieram à tona. Ele mora em Goiânia. A CPI vai disponibilizar recursos para que ele possa comparecer na próxima sessão do colegiado.
REQUERIMENTOS
Foram aprovados dois requerimentos de convite para ouvir o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, a ministra do Esporte, Ana Moser, e o secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, para discutir o formato das operações realizadas pelas empresas de apostas esportivas, que operam no mercado brasileiro.
Além deles, também serão convidados representantes das prestadoras de serviços da bet365, da Betano, da Betfair, da Pixbet, da Parimatch, da Paybrokers e do NSX Group Betnacional.
