CPMI dos atos antidemocráticos: Duarte critica silêncio de condenado por tentativa de bomba no aeroporto de Brasília

Nesta quinta-feira (22), o deputado Duarte (PSB-MA) lamentou o que chamou de covardia do militante bolsonarista George Washington Sousa, condenado pela tentativa de atentado a bomba próximo ao aeroporto de Brasília, de ficar calado diante de perguntas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos.

“O senhor é réu confesso, preparou o dispositivo explosivo, colocou próximo ao caminhão cheio de combustível, colocou em risco a vida de milhares de pessoas e agora se nega a falar quem são os seus comparsas?” questionou Duarte. O deputado falou que a paixão de George por seu “mito” o fez deixar de honrar a sua esposa e seus filhos e ainda responder sozinho por um crime que claramente não foi feito só por ele.

Mesmo sem respostas, Duarte perguntou se George agiu por conta própria, de onde partiu o planejamento para o ato criminoso e quem o financiou, já que ele tinha uma renda mensal de R$ 5 mil e o arsenal encontrado com ele, entre espingardas, munição e materiais para montar novas bombas, valia aproximadamente R$ 170 mil. Fora os gastos com hospedagem em hotel, aluguel de apartamento em bairro nobre de Brasília, caminhonete. “Precisamos saber quem pagou a conta desse criminoso que colocou em risco a vida de milhares de pessoas”, reforçou o socialista.

No dia 24 de dezembro do ano passado,o acusado foi responsável por colocar um explosivo dentro de um caminhão de combustível para explodir, próximo ao Aeroporto de Brasília. O motorista do caminhão estranhou a caixa deixada no veículo e chamou a polícia. Segundo depoimento dado a policiais, George disse que queria iniciar o caos e alcançar a decretação de estado de sítio, dessa forma, tentar impedir o presidente Lula de tomar posse.

Hoje, em depoimento na CPMI, ele permaneceu a maior parte do tempo calado. Deu apenas informações desencontradas, como a de que tinham pessoas infiltradas na frente dos quartéis, que a polícia modificou o seu depoimento e que não colocou a bomba no caminhão. Ele já foi condenado e confessou o crime.

Investigações:

Na parte da manhã, a CPMI ouviu, como testemunhas, o diretor de Combate à Corrupção e a Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Leonardo de Castro, o perito da PCDF responsável pela elaboração do laudo da bomba, Valdir Dantas, e o perito que responsável por analisar o explosivo, Renato Carrijo, também do órgão.

Eles detalharam, em ordem cronológica, o que aconteceu no dia da tentativa de atentado e afirmaram que pessoas envolvidas no caos instalado em Brasília, no dia 12 de dezembro, data da diplomação da chapa Lula e Alckmin, também podem ter participado da tentativa de explosão da bomba.

Castro afirmou ainda que a investigação inicial precisou ser concluída em 10 dias após a prisão de George, mas que ainda existe outra investigação que corre em segredo de justiça, que pode desvendar se houve ajuda de outras pessoas, inclusive sobre possíveis financiadores e como foi feita a compra dos armamentos.

Segundo Carrijo, foram encontradas substâncias que compõem explosivos normalmente utilizados em pedreiras e na construção civil. Durante a reunião da CPMI, foram exibidos vídeos com detalhes técnicos, além da explicação de que a bomba só não explodiu por erros de montagem.

Duarte prestou homenagem aos policiais presentes. “Dados da Inframérica mostram que, em média, 40 mil pessoas passam por dia no aeroporto de Brasília. E o trabalho dos policiais salvou milhares de vidas. Eles colocaram em prática tudo o que aprenderam e defenderam a nossa democracia”, disse.