A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos ouviu, na quinta-feira (24), o sargento Luis Marcos dos Reis, que fazia parte da equipe da Ajudância de Ordens do Governo Bolsonaro. O deputado Duarte Jr. (PSB-MA) questionou o depoente sobre as movimentações atípicas em sua conta, entre 2022 e 2023, que chegaram a mais de R$ 3 milhões, totalmente incompatíveis com sua renda mensal de R$ 13 mil.
O militar é apontado em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como um dos responsáveis pela movimentação atípica de recursos financeiros que tiveram como destinatário o coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. O Coaf detectou uma movimentação financeira total de R$ 11,8 milhões nas contas de Reis, Mauro Cid e outros quatro ex-auxiliares de Bolsonaro.
O sargento não conseguiu explicar as ações, tentou alegar que eram relacionadas a férias, soldo – remuneração de cada patente militar – e aposentadoria, mas os valores, mesmo somados, não chegam perto dos R$ 3 milhões. Duarte questionou Reis se esse dinheiro foi usado para financiar os atos e os acampamentos golpistas e o porquê de sua presença tanto nos acampamentos quanto nas manifestações do dia 8 de janeiro.
O sargento Reis estava presente nos ataques à Praça dos Três Poderes. Um relatório da Polícia Federal comprova que ele comemorou os atos golpistas com mensagens enviadas para familiares dizendo: “graças a Deus”; “foi bonito aqui”; “o recado foi dado”; e “quebrou, arrancou a toga lá daqueles ladrões”.
De acordo com Duarte, as oitivas da Comissão mostram cada vez mais as pontas se ligando e o caminho do dinheiro. Para ele, essa é a razão das cenas vergonhosas protagonizadas pela oposição no colegiado, para tentar desviar o foco. “Essa CPMI virou o retrato do desespero dos que apoiam o golpe, praticaram crimes e acharam que teriam anistia pela força do cargo, cargo esse, temporário”, disse o parlamentar.
Ainda segundo o socialista, fica cada vez mais claro quem de fato financiou, instigou, auxiliou e mobilizou os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro. “Precisamos saber se esse dinheiro financiou os atos golpistas e os acampamentos”, concluiu.