A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe promoveu, nesta terça-feira (3), oitiva com o empresário Argino Bedin, suspeito de financiar os bloqueios nas rodovias, após a vitória do presidente Lula, e os acampamentos nos quartéis que resultaram no atos golpistas do dia 8 de janeiro. O depoente permaneceu calado durante o depoimento e foi criticado pelos deputados Duarte Jr. (PSB-MA) e Gervásio Maia (PSB-PB).
“É graças à democracia, que o senhor atentou contra, que o senhor tem o direito de permanecer calado”, reforçou Duarte ao depoente. O deputado citou ainda o relatório da Agência de Inteligência Brasileira de Inteligência (Abin) que apontou Argino Bedin e diversos de seus familiares como financiadores de caminhões usados para obstruir as rodovias do País após o segundo turno das eleições.
“Foram usados recursos, fruto do rendimento da empresa do depoente, para bloquear intencionalmente as rodovias. Enquanto uns parabenizam esse ato, pessoas não tiveram acesso a medicamentos, cidades não tiveram acesso a mantimentos, uma criança quase ficou cega”, lamentou Duarte.
Gervásio afirmou que se o depoente não tivesse participado e contribuído para a tentativa de golpe, estaria tranquilo para responder às perguntas dos parlamentares. “Quem não deve, não teme”, disse o socialista.
Participação da família
De acordo com Gervásio, as investigações apontam Argino e alguns de seus familiares como alguns dos patrocinadores da destruição do patrimônio público no dia 8 de janeiro. “O que se busca é responsabilizar todos os que participaram dos atos. Quem bancou, quem colocou os ônibus, os caminhões, também tem que pagar por isso. E não só ir para a cadeia, mas pagar os prejuízos que foram causados ao patrimônio público”, defendeu.
Bedin teve as contas bloqueadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de financiar a tentativa golpista. O empresário, conhecido como “pai da soja”, é apoiador de Bolsonaro e já afirmou em diversas situações que estaria com o ex-presidente “até debaixo d’água”, além de defender a ditadura no Brasil.