Lucas Ramos promove debate sobre a cadeia produtiva do lítio e seu impacto na eletromobilidade

A Comissão de Indústria, Comércio e Serviços fez uma audiência pública, nesta terça-feira (3), para debater a estrutura da cadeia produtiva do lítio no Brasil e seu impacto para o avanço da eletromobilidade. Autor do requerimento para o debate, o deputado Lucas Ramos (PSB-PE) disse que o foco é o uso do mineral na produção de baterias para veículos elétricos.

“Em menos de 10 anos, o Brasil pode alcançar uma frota de 11 milhões de veículos elétricos ou híbridos. Se atingir esse patamar, 55% das vendas de novos veículos leves e pesados serão de modelos eletrificados”, afirmou Lucas. O parlamentar defendeu o incentivo na produção, mas sobretudo na infraestrutura das redes, como pontos de recarga elétrica, para atender o maior número de pessoas, e reforçou que para o setor crescer precisa de previsibilidade e segurança jurídica.

Lucas concordou com especialistas presentes que defenderam uma política nacional de Estado com previsão de proteção das empresas, das tecnologias e levando em consideração os custos de empresas pioneiras para que possam investir e ter sobrevida para aplicar seus recursos, além da regulamentação do setor. “As projeções de crescimento da mobilidade elétrica no Brasil não ignoram os desafios estruturais e regulatórios que devem ser superados para garantir um crescimento sustentável e sustentado do setor”, disse.

Líder mundial

O parlamentar afirmou que a China atualmente lidera as vendas de veículos elétricos híbridos no mundo, impulsionada por um esforço conjunto que inclui apoio financeiro à compra de veículos elétricos, política de incentivo industrial e investimentos na expansão da infraestrutura de recarga.

“Isso mostra a necessidade de uma infraestrutura robusta no Brasil, visto que o consumo de energia estimado por esses veículos poderá corresponder a aproximadamente 3% da energia gerada anualmente, em comparação com a potência atualmente instalada no sistema elétrico nacional”, afirmou Lucas.

A gerente-geral de Negócios e Estratégia de Lítio do Grupo Moura, Cristiane Assis, afirmou que existe uma iniciativa global de transição das frotas para veículos elétricos equipados com bateria de lítio e outras tecnologias. “Mesmo com o crescimento do mercado, ainda existe um grande domínio da China sobre esse componente”, disse. De acordo com Cristiane, o Brasil enfrenta três pontos críticos: questões legislativas, necessidade de incentivos fiscais e regulamentação do setor enquanto cadeia produtiva.

Mineração de lítio

Argentina, Bolívia e Chile, que formam o “triângulo do lítio”, possuem 60% das reservas de minério do mundo. Pela proximidade com esses países, pelo tamanho de sua economia e de seu mercado potencial, o Brasil também é considerado atraente para os investimentos do setor.

De acordo com Lucas, várias empresas estrangeiras estão envolvidas no “Projeto Vale do Lítio” no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, incluindo empresas canadenses, americanas e australianas.

“O desenvolvimento de infraestrutura, mineração responsável do lítio e investimentos em pesquisa e desenvolvimento são cruciais para impulsionar a transição energética, aumentar a eficiência energética e promover a descarbonização da matriz de transportes no país”, afirmou Lucas.

Para o assessor de energia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), Roberto Barbieri, a cadeia de lítio é um bom negócio para empresas estrangeiras e querem desenvolver esse setor com o Brasil. “Essa é uma oportunidade devido às reservas no país. Mas precisamos pensar em desenvolver o mercado com capacidade de exportar produtos com valor agregado e precisamos de políticas públicas com incentivo para termos a cadeia completa”, explicou Barbieri.

O superintendente da área de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Pieroni, afirmou que a exploração do lítio passa por uma série de processos para chegar a ser um componente relevante para as baterias. “Temos que pensar em como agregar valor no Brasil para participar dessa cadeia global. É uma oportunidade de desenvolver materiais sustentáveis e aproveitar a possibilidade de transformação social no Vale do Jequitinhonha”, acrescentou Pieroni.