Duarte questiona depoimento de Silvinei Vasques durante oitiva na CPMI dos atos antidemocráticos

O depoimento do ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos foi marcado por informações contraditórias. Ele foi ouvido no colegiado, nesta terça-feira (20), para falar dos bloqueios nas estradas, sob o seu comando, durante o segundo turno das eleições, principalmente no Nordeste, região em que o presidente Lula havia recebido mais votos no primeiro turno.

O deputado Duarte (PSB-MA) reforçou que Vasques faltou com a verdade quando disse que as fiscalizações não foram maiores no Nordeste e que tudo correu como no primeiro turno. “Quero destacar os números que infelizmente foram suprimidos. No primeiro turno das eleições, foram 1378 fiscalizações, no segundo turno, foram 2842, mais do que o dobro. E o Nordeste representa 49% dessas operações. Qual era o medo? Qual era o receio?”, reforçou o deputado.

“Venho do Maranhão e lá, diferente do que o senhor falou, tem provas e vídeos de pessoas que foram prejudicadas e proibidas do seu direito de votar”, acrescentou Duarte. O parlamentar destaca que o papel da CPMI é investigar e que o colegiado não aceitará mentiras.

“O depoente não pode faltar com a verdade, querer subestimar nossa inteligência, querer subestimar o tempo do povo brasileiro. Precisamos de respostas com base em dados. Por que essa discriminação com o Nordeste? Porque quase 50% das operações foram na região?” questionou Duarte.

O Supremo Tribunal Federal (STF) havia proibido operações que afetassem o transporte de eleitores, gratuito naquele dia em várias cidades. Mesmo assim a PRF realizou centenas de bloqueios, com inspeção de vans e ônibus. As ações foram suspensas por ordem da Justiça Eleitoral.

Em novembro do ano passado, após denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Vasques se tornou réu por improbidade administrativa acusado de uso indevido do cargo que ocupava e de símbolos e imagens da PRF durante as eleições presidenciais.

Apoiador declarado do ex-presidente Bolsonaro, Vasques chegou a publicar em seu Instagram, no sábado anterior ao segundo turno, uma imagem com a foto da bandeira do Brasil e escreveu: “Vote 22, Bolsonaro presidente”. A publicação foi apagada horas depois. Duarte afirmou que o ex-diretor geral deixou clara a sua posição ideológica e política, mas não poderia usar do poder que tinha para impedir cidadãos de exercerem seu direito ao voto.

Direitos Humanos:

Logo no início de sua fala, Vasques afirmou que, durante sua gestão, a PRF reconstruiu a defesa dos direitos humanos, mas o deputado Duarte (PSB-MA) fez questão de lembrá-lo que ele revogou o funcionamento e as competências das Comissões de Direitos Humanos da instituição.

Além disso, Duarte destacou que foi durante o comando do ex-diretor geral que aconteceu a morte de Genivaldo de Jesus Santos, vítima de uma ação da PRF na cidade de Umbaúba, no interior de Sergipe. O homem sofria de esquizofrenia e morreu, aos 38 anos, torturado e asfixiado dentro de uma viatura da instituição.

“Sublinho algo de extrema importância, não estamos interrogando a PRF, mas a gestão de Silvinei Vasques. Admiramos a instituição e a presença do depoente na CPMI é para diferenciar o joio do trigo. Separar os bons dos maus policiais. Separar aqueles que descumprem a lei, que agem de forma imoral e contrária à impessoalidade, cometendo atos de corrupção no exercício da função pública. E esses precisam ser investigados e condenados”, pontuou Duarte.

Processos:

Questionado pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA) sobre os processos que correm na justiça contra ele, Vasques disse que não tinha conhecimento e nem foi notificado de nenhum. Duarte afirmou que essa é mais uma das mentiras do policial.

“É público que existem processos contra ele. Estamos falando de denúncias de espancamento, propina, ameaça de morte. Inclusive, em um dos processos, Vasques foi condenado a pagar indenização para o frentista que agrediu em Goiás. Se o depoente falta com a verdade, se mente, incorre no crime de falso testemunho”, acrescentou o socialista.