A Câmara dos Deputados fez, nesta terça-feira (26), sessão solene em homenagem à memória da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, brutalmente assassinados em 2018. A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) afirmou que a solenidade relembra e homenageia a vida e o legado deixados por eles.
“Aqueles que assassinaram Marielle tentaram torná-la invisível, calar a sua voz, mas para espanto deles, a voz de Marielle se tornou a voz de milhares de pessoas, mulheres e jovens negros, que dentro e fora do brasil deram visibilidade a esse crime inaceitavel”, disse Lídice.
A deputada reforçou a importância do papel de Marielle na política brasileira. “Ela foi uma voz incansável na defesa dos direitos humanos, uma combatente ferrenha contras as milícias que assolam nossas comunidades. Como mulher e representante da comunidade LGBTQIA+ na política, ela desafiou o status quo, abrindo caminho para uma sociedade mais inclusiva e justa”, afirmou a socialista.
A vereadora se destacou, em sua militância e atividade parlamentar, como defensora de direitos humanos e, por essa atuação, tornou-se uma parlamentar importante para a cidade do Rio de Janeiro em pouco mais de um ano de mandato. Sua execução teve motivação política, segundo as investigações.
Lídice lamentou que a coragem e determinação de Marielle em enfrentar os poderosos interesses das milícias tenha lhe custado a vida. “O assassinato brutal de Marielle Franco e Anderson Gomes não foi apenas um crime hediondo, mas um ataque direto aos pilares da democracia e aos direitos humanos.”
A deputada acrescentou que a presença da vereadora na política era um lembrete constante de que a diversidade é nossa maior força, e que devemos lutar incansavelmente por uma sociedade onde todos sejam respeitados e protegidos. “Marielle tornou-se semente, virou símbolo e sua luta hoje floresce, ecoa pelos quatro cantos”, disse Lídice.
Prisão dos mandantes:
Neste domingo (24), os suspeitos de serem mandantes do crime foram presos, após seis anos de angústia para elucidação do caso.
São acusados o deputado Chiquinho Brazão, o seu irmão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, responsável pelas investigações à época. A prisão deles se deu a partir da homologação da delação premiada de Ronnie Lessa, policial militar acusado de matar Marielle e Anderson.
“Com a elucidação do crime durante o atual governo de Lula, finalmente vemos os primeiros passos em direção à verdade e à responsabilização dos culpados. A revelação de como tudo foi planejado expressa também o ódio ideológico e vimos isso claramente ao arrancarem a placa da rua com o nome da vereadora, placa esta que hoje é símbolo da nossa luta e a afirmação da presença de Marielle”, reforçou Lídice.
O ministro de Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, afirmou que a morte de Marielle Anderson foi uma perda para o Brasil e representou o início de um processo de degradação institucional e civilizatória da sociedade brasileira.
“Os assassinos presos ontem subestimaram a força do povo brasileiro, eles acharam que estavam matando mais uma trabalhadora negra, vereadora, que ninguém ia se dar conta, só que erraram. Marielle não é mais só um símbolo do Rio de Janeiro, da comunidade negra, das mulheres, mas símbolo nacional. Ela é a prova da nossa força e capacidade de se organizar e resistir às barbaridades”, disse o ministro.