O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), apresentou um requerimento de convocação para que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o presidente da Agência Brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, prestem esclarecimentos sobre a decisão do governo de suspender os testes da vacina Coronavac.
O anúncio feito pela Anvisa de interromper a fase 3 dos testes do imunizante após “evento adverso grave” provocou reação de autoridades de saúde do Estado, onde o imunizante é desenvolvido pelo laboratório Chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butatan, ligado ao governo de São Paulo.
O estudo foi suspenso sem que a Agência pedisse esclarecimento prévio aos pesquisadores. O procedimento causou estranheza e suspeita de que o órgão estaria sofrendo interferências políticas do governo Jair Bolsonaro, crítico e rival do governador do Estado, João Doria.
O Istituto Butatan esclareceu, após o anúncio, que o “evento grave adverso” usado como motivo pelo governo federal para suspender os testes foi o suicídio de um voluntário, caso completamente alheio à segurança da vacina.
“Não se pode politizar a epidemia. Todos temos de estar do mesmo lado e contra o real inimigo, que é o vírus”, declarou Molon.
Após o anúncio, o presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para, em tom de ataque a João Doria, comemorar a decisão. Ao responder sobre Coronavac, Bolsonaro afirmou que “ganhou de Doria” e criticiou o governador de São Paulo por ter defendido a vacinação obrigatória.
“É estarrecedor que o presidente da República venha a público comemorar a morte de um voluntário, o que seria um suposto fracasso de uma vacina destinada a enfrentar uma pandemia tão terrível”, criticou o líder do PSB. “É também inaceitável que a Anvisa se preste ao papel de fazer parte desse jogo político baixo”, completou.