O Pantanal arde em chamas, o que já dizimou 15% do bioma e matou milhares de animais silvestres. Ainda assim, o presidente da República, Jair Bolsonaro, em discurso proferido nesta terça-feira (22), na Assembleia-Geral da ONU, culpou os povos indígenas pelas queimadas e pelo desmatamento no Pantanal e na Amazônia.
Em resposta a essas declarações e no intuito de cobrar ações efetivas do Governo Federal na tentativa de salvar os animais ameaçados pelas queimadas, que a Frente Parlamentar Ambientalista, coordenada pelo deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), realizou debate virtual nesta quarta-feira (23).
Agostinho integrou grupo de parlamentares que foi à região no último final de semana para visitar as áreas de queimadas. Ele disse que é muito triste ver toda aquela biodiversidade queimada e toda aquela riqueza perdida. O deputado também afirmou que é evidente a ausência total do Estado e que quem trabalha no combate às queimadas são os voluntários. “É um incêndio muito difícil de apagar com as mãos. A gente precisaria de aeronaves específicas pra isso, mas nós não temos. O Brasil não tem estrutura nenhuma de combate a incêndios.”
O parlamentar também criticou o fato de o Mato Grosso (MT), que tem uma das maiores biodiversidades do mundo, não possuir a estrutura necessária para socorrer os animais, como o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (CETAS). Ele também citou a perda da biodiversidade, que provavelmente passou de três milhões de hectares. Segundo o socialista, a situação é muito triste, porque as áreas queimadas no Pantanal foram as mais importantes para a região. “O que queimou mesmo foi unidade de conservação, vegetação nativa”, lamentou.
Presidente da Ampara Animal, Juliana de Oliveira, também reforçou que o problema para lidar com essas situações é o despreparo e o descaso. “O resgate feito só por voluntários. A estrutura montada emergencialmente é um local improvisado, que tem uma área muito limitada”, contou.
A necessidade de organização para trabalhar no resgate dos animais também foi citada como algo de extrema importância por Gustavo Figuerôa, coordenador do SOS Pantanal. De acordo com ele, o início dos trabalhos foi caótico. “Tinha muito problema de logística, cada um fazendo seu trabalho em uma área, não tinha uma coordenação macro. Cada um tentava fazer o que conseguia, cada um usando os recursos que tinha para ajudar”, disse.
De acordo com ele, o impacto do fogo que atingiu o Pantanal esse ano foi realmente devastador. Ele explicou que a região vive ciclos de cheias e secas não só ao longo do ano, como ao longo de décadas, com ainda mais intensidade. “A gente não pode bater o martelo e dizer que são as mudanças climáticas que estão causando isso. Mas o cenário, as modelagens matemáticas dos efeitos do aquecimento global batem com o que está acontecendo. São anos mais quentes, mais secos, com mais incêndios. É uma preocupação muito grande.”