Schuch e especialistas defendem investimento tecnológico sustentável para nova política industrial

A Comissão de Indústria, Comércio e Serviços debateu, nesta terça-feira (18), a inovação tecnológica na formulação de uma nova política industrial. O presidente do colegiado, deputado Heitor Schuch (PSB-RS), foi autor do requerimento de audiência pública. “Temos que fazer do Brasil um líder global de descarbonização, transição energética, economia digital, agregação de valor às cadeias produtivas, além de provedor da segurança alimentar”, afirmou o socialista.

A perda de espaço da indústria na economia brasileira é motivo de atenção. Nos anos 80, o setor era responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) e hoje por apenas 11,3%. “Uma preocupação é que apenas 2% das exportações brasileiras são de alta tecnologia. Nós, enquanto legisladores, temos que olhar para políticas públicas que mudem essa realidade. Precisamos pensar a longo prazo, para um PIB mais proativo no setor industrial, comércio e serviços com investimento em sustentabilidade e economia verde”, acrescentou Schuch.

De acordo com ele, o vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, vem defendendo a neoindustrialização, justamente pensando no fortalecimento da indústria nacional em bases mais sustentáveis. Para o ministro, esse processo passa pelo fortalecimento de áreas em que o Brasil tem capacidade instalada e potencial para ampliar, como aeronáutica, aeroespacial, saúde e energia renovável.

Os especialistas presentes no debate concordaram que agora é o momento de investir na indústria, mas com esse novo olhar de sustentabilidade. Segundo o chefe do departamento de Inovação Estratégica Industrial do BNDES, Maurício Neves, o país passou nos últimos anos por um processo de desindustrialização em uma velocidade maior que em outros países e é necessário o urgente fomento na agenda de inovação.

Neves destacou que a política industrial não é a mesma do passado e que conta hoje com quatro elementos fundamentais: inclusão, transição climática, novas tecnologias e geopolítica. Ele explicou que o BNDES teve uma queda expressiva de atuação com a indústria, mas que agora deve retomar esse papel. “Criamos agora uma unidade de estratégia industrial e inovação para contribuir com o processo de reindustrialização. Existe espaço para esse aumento de investimento no Brasil”, reforçou.

Para o deputado federal Eduardo Bandeira de Mello (PSB-RJ), ao falar em retomada do desenvolvimento em indústria, comércio e serviço, tem que se falar em BNDES. “É a maior agência de fomento brasileiro e o segundo maior banco de desenvolvimento do mundo. Eles conhecem todos os setores da economia e muito podem contribuir com o Congresso para pensar no desenvolvimento do País”, disse.

SEMICONDUTORES:

Países desenvolvidos estão investindo bilhões em tecnologia de semicondutores que leva a produção de chips. De acordo com o representante do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC), Augusto Gadelha Vieira, essa é uma questão central no mundo inteiro e não dá pra pensar em indústria 4.0 sem pensar nos semicondutores.

No Brasil, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC) é o único centro da América Latina capaz de produzir tecnologia de ponta para a fabricação dos microchips, mas segundo Gadelha, ainda precisa de muito investimento para, na prática, ter a produção. “Os chips estão no cotidiano hoje de todas as pessoas. Temos que primeiro investir na produção para depois atrair a iniciativa privada e criar um ambiente favorável no País”, afirmou.

O Governo Bolsonaro tentou sucatear o Centro, mas o Governo Lula tirou o CEITEC da lista do programa de privatização. Criado em 2008, o centro tem como principal objetivo ser um fabricante nacional de chips e semicondutores.