O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, compareceu à audiência pública na Câmara, nesta terça-feira (5), para esclarecer denúncias de irregularidades relacionadas à Pasta. Entre elas, indícios de que seu filho, conhecido como Queiroguinha, estaria intermediando a liberação de recursos públicos do Ministério e do Fundo Nacional de Saúde para prefeitos da Paraíba, Estado pelo qual é pré-candidato a deputado federal. Queiroguinha chegou a afirmar em Encontro Anual dos Prefeitos da Região do Cariri que era “representante do Governo Federal” e que promoveria reuniões dos políticos com o ministro.
Autor do requerimento que solicitou o debate, o líder do PSB na Câmara, Bira do Pindaré (MA), perguntou como o ministro justifica a atuação de seu filho intermediando o acesso de políticos ao seu gabinete, bem como a liberação de recursos do Ministério e do Fundo Nacional de Saúde para municípios paraibanos. “Existe um gabinete paralelo dentro do Ministério comandado pelo senhor que tem o objetivo de eleger seu filho? Ele está fazendo uso da máquina pública para se eleger? O senhor sabe que pactuar com a atuação do seu filho como intermediário nas ações do MS constitui improbidade administrativa e crime de responsabilidade?”, questionou Bira.
Queiroga respondeu com ironia: “qual é o problema de um filho visitar um pai em seu trabalho?” Queiroga afirmou que o filho é filiado ao Partido Liberal, pré-candidato a deputado federal e que quanto fala “nosso governo”, o faz por ser admirador e apoiador do presidente Bolsonaro.
Segundo publicação do Estadão, Queiroguinha disponibiliza a agenda do pai em troca de apoio à sua candidatura. Relatos de prefeitos indicam que as reuniões promovidas pelo filho do ministro costumam resultar em cadastro imediato das demandas nos sistemas do MS. Além disso, Queiroguinha representou a pasta em cerimônias para anunciar a liberação de recursos públicos, em substituição ao ministro, inclusive com direito a discurso.
Para o deputado Elias Vaz (PSB-GO), as denúncias são graves e o ministro precisa dar respostas. “O senhor reprova ou foi conivente com esse tipo de situação?”, perguntou a Queiroga. Nesta segunda-feira, o jornal O Globo mostrou que Queroguinha esteve 12 vezes no Palácio do Planalto no último ano, três delas no gabinete de Bolsonaro. Além disso, esteve em pelo menos 18 visitas ao MS, diversas vezes em companhia de prefeitos paraibanos.