A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática promoveu, nesta quarta-feira (8), a solenidade de entrega do Prêmio César Lattes. Na ocasião, o presidente do colegiado, deputado Aliel Machado (PSB-PR), reforçou a importância da premiação neste cenário, onde se faz tão necessária a defesa da ciência e dos cientistas no país. A condecoração, criada este ano, homenageia personalidades e entidades que se destacaram na defesa e na promoção da ciência, da tecnologia e das inovações.
“É uma honra poder reconhecer os que fizeram a defesa da ciência e deixar como exemplo para os que acreditam e sabem a importância do desenvolvimento científico. Essa comissão tem se dedicado incansavelmente na defesa da pesquisa, das instituições, dos institutos e dos cientistas. E do orçamento necessário para o desenvolvimento do setor”, afirmou Aliel.
Todos os agraciados destacaram o alarmante período que o setor enfrenta com as constantes narrativas do governo contrárias a ciência, a tecnologia, a pesquisa, a vacinação e com a desidratação do orçamento da ciência e tecnologia. Aliel endossou as palavras dos premiados e reforçou o compromisso da Comissão no enfrentamento ao desmonte da ciência e tecnologia no país.
Receberam o prêmio o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas; o representante do Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva, professor Fernando Marinho Mezzadri; o epidemiologista, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, Pedro Hallal; a reitora da UnB, Márcia Abrahão; e o ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações Marco Antônio Raupp (in memorian).
Dimas Covas afirmou ser uma honra receber o prêmio, sobretudo em um momento tão grave da vida nacional. “O reconhecimento nos traz alento e ânimo para continuar o que estamos fazendo e termos a certeza que estamos no caminho certo.” O Instituto Butantan, em parceria com a fabricante chinesa Sinovac Biotech, foi o primeiro a ofertar vacinas contra a Covid-19 no Brasil e o primeiro a desenvolver uma vacina 100% nacional.
O coordenador da Epicovid-19, Pedro Hallal, reforçou que a premiação é o reconhecimento do povo por meio de seus representantes no Parlamento. Em sua fala, ele agradeceu o prêmio, mas lamentou os constantes ataques do governo em campanhas antivacina e anticiência. “Ontem, a maior autoridade sanitária do país fez apologia à morte, dizendo que é melhor perder a vida do que a liberdade. Quero ver dizer isso para 615 famílias enlutadas neste momento”, afirmou Pedro, em referência ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que se manifestou contrário ao passaporte da vacina.
Hallal disse ainda que os cientistas seguirão fazendo o seu trabalho, mas que o barco da ciência está afundando no atual governo, com falta de investimento, retaliação e perseguição de cientistas, ataques aos institutos Butantan e Fiocruz. “Não podemos fingir que nada está acontecendo.”