O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), afirmou nesta terça-feira (2), em entrevista à rádio CBN, que os partidos de oposição devem recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de dissolver o bloco que apoiava Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Casa.
Essa foi a primeira decisão de Arthur Lira como presidente da Câmara. Ele alegou que os partidos apresentaram a formação do bloco após o prazo previsto pelo regimento. No entanto, Molon disse que essa decisão é autoritária e antirregimental. “Não vamos legitimar esse processo vergonhoso de manipulação da escolha dos cargos da presidência da Câmara. Seu primeiro ato é uma tentativa de esmagar aqueles que pensam diferente dele, e nós não aceitaremos isso.”
No entanto, o líder socialista admitiu que é preciso correr contra o tempo para obter uma resposta positiva da justiça para alterar as escolhas pela Mesa Diretora. Caso não seja possível uma decisão judicial em tempo hábil, Molon defende que os partidos de oposição não participem dessas escolhas, como forma de protesto para não legitimar o processo proposto pelo novo presidente da Câmara. “É absolutamente inaceitável e fere a representação do povo brasileiro, através de uma parte dos membros do Congresso, que somos nós, que temos o direito de participar dos órgãos da Câmara. Ele não pode nos esmagar como está tentando”, criticou.
O parlamentar também defendeu que não houve irregularidade por parte do então presidente da Casa, Rodrigo Maia, que aceitou a inscrição do bloco em favor de Baleia Rossi. Para ele, se essa irregularidade tivesse mesmo acontecido, os deputados que estão ao redor de Arthur Lira deveriam ter se recusado a participar do processo eleitoral. “Eles fingiram aceitar o processo, sabendo que a primeira apuração seria da presidência da Câmara, para, de posse desse cargo, ilegalmente rasgar aquilo que foi o voto dos deputados. É um comportamento sorrateiro”, alertou.
Molon explicou que o sistema da Câmara travou, o que atrapalhou a inscrição dos blocos no tempo hábil. Por isso que se reconheceu o pedido daquilo que já estava no sistema antes do horário, como foi o caso dos deputados do PT que aceitaram participar do bloco. “Se a decisão do Arthur Lira prevalecer e a justiça não socorrer a representação popular, o que ocorrerá é que ele ficará com a maioria dos cargos da Mesa. No fundo, ele está tirando vagas daqueles que discordam dele. É um ato violento, autoritário, que combina com o governo ao qual ele apoia.”
Para o líder do PSB, a vitória de Athur Lira significa que a pauta da Câmara não será pautada pela previsibilidade, ao contrário do discurso do parlamentar ao tomar posse do cargo. “Ele disse que queria uma Câmara mais previsível. Mas não há algo mais imprevisível do que alguém anular as regras da eleição que o elegeram. É a volta do arbítrio, da força bruta para a direção dos trabalhos da Câmara. Teremos anos difíceis pela frente”, lamentou.