O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), pediu a aprovação do Projeto de Lei que regulamenta o Manejo Integrado do Fogo (MIF). A manifestação ocorreu nesta quarta-feira (25), durante debate promovido pela Frente para discutir com especialistas o emprego da técnica na prevenção de novas crises provocadas por incêndios.
O Centro-Oeste brasileiro sofreu recentemente com os incêndios no Pantanal e no Cerrado, que só tiveram fim com a chegada das chuvas. O MIF surge como uma técnica que propõe o uso de queimadas controladas no início do período de seca para garantir a conservação e o uso sustentável de ecossistemas.
Embora essa prática já esteja no Código Florestal, Agostinho afirmou que é importante a regulamentação. De acordo com o parlamentar, as pessoas têm medo de utilizar determinadas técnicas se elas não estiverem escritas em uma lei específica. “A gente não tem hoje pessoas preparadas para fazer combate a incêndio. A gente precisa preparar o País, incluindo um arcabouço jurídico para isso”, afirmou.
Agostinho também alertou para a quantidade de florestas degradas no Brasil, que já tem uma perda de biodiversidade acentuada e muitas espécies com baixíssima população. “Estamos prestes a vivenciar um grande período de extinções no Brasil, então precisamos usar todas as ferramentas necessárias. O MIF não é necessariamente fogo contra fogo, é na verdade uma forma de reduzir biomassa. Temos que usar as técnicas necessárias no momento adequado, nas áreas adequadas”, explicou.
Professor pela UnB, Braúlio Dias contou que os incêndios recentes no Pantanal queimaram muitas áreas florestais e que a recuperação vai ser muito lenta e deve demorar décadas. Segundo ele, um dos objetivos do Manejo Integrado do Fogo é evitar que isso ocorra, ao lançar mão da queima de vegetação campestre, como o capim. “Assim evita-se que o fogo atinja áreas que são mais sensíveis e vulneráveis.”
Para a professora de meteorologia da UFRJ Renata Libonati, as mudanças climáticas são um fato e é preciso ações efetivas que reconheçam esses acontecimentos. Ela disse que o problema das mudanças climáticas não é simplesmente o aumento da temperatura média do planeta, mas sim que, com essa elevação, é maior o risco de ocorrências de eventos extremos. “São as ondas de calor, de frio, secas, inundações. As ondas de calor e seca, em particular, são o gatilho para a propagação de grandes eventos de fogo e de incêndios florestais”, disse.