Ato simbólico marca protocolo da representação contra Nikolas Ferreira por falas transfóbicas

Deputadas fizeram uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (15), como ato simbólico da representação protocolada no Conselho de Ética contra o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) por suas falas transfóbicas. PSB, Psol, PDT, PT e PCdoB assinaram o documento. A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) afirmou que a união de todos esses partidos mostra a necessidade de não se contentar até que o deputado seja punido pelo crime que cometeu.

No Dia Internacional da Mulher, Nikolas colocou uma peruca e se apresentou perante os demais parlamentares como “deputada Nicole” dizendo que “hoje se sente uma mulher”. Na sequência, ele passou a proferir falas criminosas, em ofensa às mulheres trans e travestis, já constantemente violentadas. 

“Um homem, no dia das mulheres, rouba a cena para si e tira a nossa energia, nosso esforço, que deveríamos estar utilizando para discutir o combate a violência, para falar da Lei Maria da Penha, para debater educação, licença paternidade. Pautas importantes para a bancada feminina”, lamentou Tabata.

A socialista reforçou que a atitude do parlamentar não foi uma piada de mal gosto, mas sim criminosa. “Somos o país que mais mata pessoas trans no mundo e a fala dele tem uma repercussão muito grande na ponta. É importante que a gente não permita que mais uma vez a sociedade passe a mão na cabeça de um menino mimado que acha que pode fazer o que quiser, sem punição”, afirmou. 

Duda Salabert (PDT), primeira deputada trans da história de Minas Gerais, afirmou que o que se espera do Parlamento é o grande debate de projetos para superação da crise e não a ridicularização de pessoas trans e travestis. “90% dessa população está na prostituição. A gente deveria estar discutindo pautas estruturantes de empregabilidade e de combate ao preconceito. Nenhuma ideologia plausível vai aplaudir o que aconteceu no dia 8 de março”, disse. 

A deputada Erika Hilton (PSOL), primeira parlamentar trans eleita por São Paulo, afirmou que quando um parlamentar utiliza o Plenário para insultar uma comunidade extremamente estigmatizada  e violada em seus direitos, passa a mensagem que esse tipo de comportamento criminoso está permitido. “Pedimos ao presidente Arthur Lira, que a Câmara dê uma resposta firme e dura sobre o ato criminoso do deputado.”