CPI das Apostas: Felipe Carreras questiona ações da CBF para coibir a manipulação de resultados no futebol

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas recebeu, nesta segunda-feira (11), o diretor de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Julio Avellar, e ex-representantes da entidade para tratar da atuação da entidade frente às denúncias de manipulação de resultados.

O relator do colegiado e líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras (PE), questionou os depoentes sobre o que a CBF fez com as informações da Sportradar de que o Brasil ocupa, com larga diferença, o primeiro lugar no mundo entre os países com mais jogos suspeitos de manipulação de resultados em 2020. A empresa é líder global em tecnologia esportiva e tem contrato firmado com a entidade desde 2017 para alertá-la de casos suspeitos.

Além disso, o parlamentar perguntou se, diante das denúncias, a Confederação já cogitou ou cogita suspender algum campeonato por conta da manipulação de resultados. “Algum jogo já comprometeu o resultado final da competição, em relação à título ou rebaixamento?” questionou.

De acordo com Avellar, as denúncias de jogos com suspeita de manipulação foram enviadas ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), para o Conselho de Ética da CBF, para o Ministério Público e, no caso de competições estaduais, para as federações. Ele informou que a atual gestão da entidade criou um banco de dados que já chega a mais de 5 mil jogos monitorados, sendo 45 campeonatos por ano. “Estamos trabalhando para tirar o futebol brasileiro da posição de maior vítima de corrupção e da manipulação de resultados para liderança global na proteção da integridade do esporte”, disse.

O diretor de Competições disse ainda que o contrato atual com a Sportradar ampliou o escopo de competições a serem monitoradas, abrigando grande parte dos campeonatos de futebol do País. Avellar também afirmou desconhecer qualquer relatório que indique o comprometimento das competições que já aconteceram, tanto de times que ganharam títulos, quanto dos times que foram rebaixados.

Ex-diretores:

Em resposta ao questionamento de Carreras, o ex-diretor de Governança e Conformidade da CBF, André Megale, afirmou que o seu setor não recebeu nenhum relatório da Sportradar relacionado à manipulação de resultados porque não era de competência deles. Megale saiu do cargo em junho de 2022.

“Os relatórios não foram sinalizados para a gente, não era a nossa área, mas sim do departamento de Competições que tinha um setor específico de integridade. Havia um esforço da entidade no período em que eu estive lá para cuidar da integridade do futebol”, acrescentou o ex-diretor.

Para o ex-diretor financeiro, Gilnei Botrel, o relator perguntou de que forma a CBF alocou recursos financeiros para lidar com as denúncias de manipulação de resultados e apostas esportivas. “Também é importante saber quais investimentos foram realizados na implementação de medidas para prevenir a manipulação de resultados e combater atividades de apostas ilegais no futebol brasileiro”, reforçou Carreras.

Botrel citou o contrato com a Sportradar que, no primeiro momento, ficou responsável por atuar nos campeonatos das séries A e B, além da Copa do Brasil, e depois o contrato foi estendido as demais competições. “Além da contratação dessa empresa, a CBF não media esforços para qualificar sua arbitragem”, disse.