Duarte aponta contradições no depoimento de coronel do Exército que incitou o golpe em mensagens trocadas com Mauro Cid

Nesta terça-feira (27), na CPMI dos atos antidemocráticos, o deputado Duarte (PSB-MA) questionou o coronel do Exército Jean Lawand Júnior sobre as mensagens trocadas por ele com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, defendendo que o ex-presidente desse ordem às Forças Armadas para que apoiassem um golpe, após a vitória do presidente Lula.

Para Duarte, o coronel criou diversas narrativas, mas claramente se contradisse em todos os momentos. “Pelo que o senhor disse, ou o alto comando do Exército foi omisso e não impediu a tentativa de golpe, ou estava apoiando os manifestantes ou a divisão do Exército para baixo iria apoiar o golpe. Qual dessas alternativas?” perguntou.

Em um dos diálogos encontrados no celular de Cid, Lawand escreveu: “Cid, pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está”. Durante a oitiva, o coronel falou que, na verdade, queria apaziguar o país, mas as mensagens por si só contradizem o que ele diz. O coronel ainda disse que foi infeliz ao falar que o alto comando do Exército não faria nada sem uma ordem e que ele não tem acesso a nenhum deles.

Duarte destacou que o silêncio covarde de Lawand quando questionado sobre quem está envolvido na tentativa de ataque à democracia, prejudica as pessoas, presas na papuda, que participaram da quebradeira na sede dos Três Poderes da República. “O seu silêncio é covarde. O senhor poderia falar quem são os tubarões, o alto escalão que tentou trazer de volta a ditadura, mas prefere ficar calado. Esse é um direito que tem, graças a democracia que o senhor atentou contra”, reforçou o deputado, que defende desde o início da CPMI a investigação de quem foram os mandantes e financiadores dos atos.

A troca de mensagens de Lawand com Mauro Cid foram publicadas pela revista Veja, no dia 15 de junho. As mensagens começaram no dia 30 de novembro e mostram claramente o coronel pedindo repetidamente que algo fosse feito pelo então presidente, por meio das Forças Armadas, para contestar o resultado das eleições.

Frases como “convence o 01 a salvar esse país”, “o presidente vai ser preso”, “pelo amor de Deus, faz alguma coisa”, “ele tem que dar a ordem, irmão. Não tem como não ser cumprida”, “soube agora que não vai sair nada. Entregamos o país aos bandidos” e “então ferrou, vai ter que ser pelo povo mesmo”, foram escritas por Lawand a Mauro Cid. Mesmo com frases tão claras, dentro do contexto da época, o coronel disse que queria apenas apaziguar o País e que os diálogos encontrados são apenas uma conversa entre um coronel e seu amigo, tomada pela emoção.

Parlamentares presentes pontuaram que os fatos mostram claramente que não foi apenas um diálogo entre amigos, mas um coronel falando com o ajudante de ordens do presidente para que algo fosse feito.

Após a fala de Lawand aconteceu o caos em Brasília, no dia 12 de dezembro, data da diplomação da chapa de Lula e Alckmin no Superior Tribunal Eleitoral (TSE), inclusive com tentativa de invadir a Polícia Federal. No dia 24 de dezembro, houve a tentativa de explosão de uma bomba, nas proximidades do Aeroporto de Brasília, e, por fim, o caos instaurado na cidade no dia 8 de janeiro, com a depredação das sedes dos Três Poderes.