As comissões de Seguridade Social e Família, de Educação e de Defesa dos Direitos da Mulher realizaram, na quarta-feira (6), audiência para debater o ensino da endometriose nos cursos de medicina. Proposta pelos deputados Paulo Foletto (PSB-ES) e Tabata Amaral (PSB-SP), o debate reuniu pesquisadores e especialistas no assunto. Entre os convidados, o cirurgião norte-americano David Redwine, que substituiu a cauterização, tratamento convencionalmente usado, pela retirada de toda a lesão, inclusive de manchas.
Caracterizada pela presença de células uterinas que se desenvolvem fora do útero, inclusive em outros órgãos, a endometriose acomete mais de 10 milhões de brasileiras. A doença ginecológica provoca dores incapacitantes em até 80% dos casos e cerca de 30 a 50% das portadoras podem ter dificuldades para engravidar.
Como em outras enfermidades, a detecção precoce é fundamental para o tratamento correto. No entanto, no Brasil, o diagnóstico ainda é tardio e, muitas vezes, impreciso. “Muitas mulheres levam de duas a três décadas para ter o seu diagnóstico no Brasil, enquanto temos uma média mundial para diagnóstico de sete a 12 anos. Esse tempo faz toda a diferença já que a endometriose pode levar à infertilidade”, destacou Tabata.
Atualização nos cursos de medicina
O ensino acadêmico da endometriose é baseado em uma teoria de 1927 de cauterização do tecido adoecido. Essa prática, no entanto, foi refutada por novos conceitos nos últimos 50 anos. Um dos pesquisadores que defendem a atualização do tratamento é o cirurgião norte-americano David Redwine.
A técnica de retirada da lesão desenvolvida por ele representa um grande avanço científico, que leva até 85% de cura da endometriose. “A terapia médica pela teoria do refluxo da menstruação é incompleta e leva 100% das vezes a uma falha. Nós não precisamos seguir errando dessa forma”, ressaltou Redwine.
Ainda segundo o cirurgião, a complexidade da endometriose leva a dificuldade de diagnóstico vista até hoje, por isso a necessidade de investir em conhecimento nas universidades. “Há uma necessidade de mudança radical em relação à maneira como lidamos com essa doença e um entendimento melhor para esse tratamento.” Para Redwine, tudo depende da educação, tanto das pacientes, para que entendam melhor o que estão sentindo, quanto dos profissionais, na oferta de um trabalho mais qualificado.