Em seu primeiro discurso no Plenário, nesta terça-feira (14), o deputado Lucas Ramos (PSB-PE) fez um apelo para que sejam retomadas as obras da Ferrovia do Sertão – antiga Ferrovia Transnordestina -, no trecho que corta Pernambuco. “Esse é o maior projeto de infraestrutura e logística do Estado, com capacidade de ser a grande mola propulsora de geração de emprego, renda e novas oportunidades. Não há possibilidade de abrirmos mão de um investimento tão estruturador”, reforçou.
No ano passado, o Governo Bolsonaro decidiu mudar o projeto inicial da Ferrovia e cortou a conexão entre Salgueiro e o Porto de Suape, em Pernambuco, retirando o trecho pernambucano da linha. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), controladora da Transnordestina Logística (TLSA), assinaram um termo aditivo devolvendo a concessão.
“Essa ação já estava sendo desenhada desde 2019 e causa estranheza os inúmeros entraves financeiros e jurídicos para que outro investidor assuma o trecho”, lamentou Lucas. Ele explicou que o termo aditivo paralisa por seis anos o trecho pernambucano, ao definir que o repasse da concessão só aconteça em 2029, quando for concluída a obra entre Piauí e o Ceará. “Não há tempo de esperar um projeto tão estratégico para o Nordeste e para o Brasil”, acrescentou.
A Ferrovia promoverá impactos nas mais diversas atividades econômicas, segundo o socialista. “Quando analisamos seus efeitos apenas para Pernambuco, estamos falando de mais competitividade e acesso a novos mercados para o gesso do Araripe, à fruticultura do Vale do São Francisco, e à avicultura e a pecuária de leite e corte do Agreste.”
Novo Investidor – O deputado afirmou que o grupo mineiro Bemisa já havia apresentado um plano de trabalho viável e aprovado pelo então Ministério da Infraestrutura do governo passado. “O projeto prevê 5,7 bilhões em aportes para implementação de 717 quilômetros de trilhos conectando a cidade de Curral Novo, no sul do Piauí, cruzando Pernambuco e seguindo até Suape” explicou.
De acordo com Lucas, a expectativa é que haja um aumento de 30 milhões de toneladas de movimentação no Porto de Suape somente em exportação, o que equivale a mais do que o dobro dos volumes atuais. “Combustíveis, veículos e cargas que desembarcam via contêineres ficarão muito mais baratas para a população que vive fora do grande Recife.”
Destraves – Assim que forem resolvidas as questões jurídicas, o parlamentar espera que a estrutura de financiamento das obras conte com o apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste (BNB). “Nosso futuro passa pelos trilhos da Ferrovia do Sertão. Não podemos negar à população de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil, as milhares de oportunidades que esse projeto pode criar.”
