A Comissão de Indústria, Comércio e Serviços debateu, nesta terça-feira (12), sobre a criação de um polo tecnológico binacional na fronteira entre Brasil e Uruguai. O presidente do colegiado, Heitor Schuch (PSB-RS), foi autor do requerimento da audiência pública que discutiu a viabilidade e as medidas necessárias para a implementação desse polo. “Essa é uma iniciativa que promete fortalecer o desenvolvimento econômico, a inovação e a neoindustrialização, além de maximizar o potencial tecnológico e industrial na região”, afirmou Schuch.
O debate contou com a presença de autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil, que contribuíram com ideias e perspectivas sobre esse projeto inovador. A fronteira em que idealizam o polo tecnológico fica entre a cidade de Sant’Ana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e a cidade de Rivera, no Uruguai. Para Schuch, essa é uma oportunidade de gerar empregos, melhorar a qualidade de vida da população e fomentar o desenvolvimento. “Ou fazemos inovação tecnológica ou vamos continuar apenas exportando commodities”, acrescentou o parlamentar.
Representante do Ministério das Relações Exteriores, a cônsul-geral do Brasil em Rivera, Ana Lélia Beltrame, afirmou que a iniciativa pode contribuir para o emprego de jovens, técnicos e engenheiros. “Criar um polo tecnológico na região de fronteira, aproveitando o impulso do Uruguai, é muito importante e vital para que nosso aluno se profissionalize e fique no Brasil. Vejo com grande otimismo essa possibilidade”, disse.
O coordenador de ambientes inovadores e startups do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Freitas, listou alguns fatores importantes para serem pensados como a instalação de espaços de coworkings e de fab labs – espaço de fabricação digital – nos municípios para desenvolver a transformação de ideias, além de incubadoras de negócios junto a universidade.
“O parque tecnológico é a ponta do iceberg da inovação. Precisamos pensar em uma economia baseada na indústria do conhecimento para receber o polo que será estratégico para redução de desigualdades em consonância com desenvolvimento tecnológico”, afirmou Leonardo. Ele defendeu ainda que o Mercosul seja o foro utilizado para essa iniciativa.
Legislação uruguaia:
De acordo com Schuch, o lado uruguaio da fronteira já está avançando com projetos semelhantes, incluindo a criação da “Área B”, um espaço de discussão que reúne universidades, escolas técnicas e representantes dos governos de Rivera e Sant’Ana do Livramento. “Além disso, uma legislação uruguaia foi aprovada para a implantação do polo binacional tecnológico, demonstrando o comprometimento do país vizinho com a iniciativa”, disse.
Autor da lei no país, o deputado da República Uruguaia Marne Lima afirmou que a audiência coordenada por Schuch é uma oportunidade de debater esse tema tão importante para as duas comunidades. Como o país vizinho já está mais avançado, Lima sugeriu que comece pelo parque tecnológico do lado do Uruguai para, oportunamente, ser binacional. “Com os dois parques criados, podemos criar uma governança supranacional. Esse é o momento oportuno para isso”, disse.
O deputado uruguaio explicou ainda que agora estão formulando uma nova legislação para definir a governança e a modalidade de trabalho para instalação do polo. “Essa segunda lei, assim como a primeira, é feita de forma participativa entre governo nacional, estadual, universidades e setor produtivo. Em janeiro de 2024 teremos a chamada pública para definir o gerenciamento do parque com a participação de representantes acadêmicos, empresariais e de governo”, explicou.