O Plenário da Câmara derrubou, na noite desta quinta-feira (10), o veto absurdo do presidente Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes a estudantes de baixa renda, mulheres em situação de rua ou vulnerabilidade extrema, presidiárias ou que estejam cumprindo medidas socioeducativas.
Defensora da medida e uma das autoras da proposta, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) comemorou essa grande vitória que leva dignidade a mais de 5 milhões de mulheres. A socialista está há mais de dois anos à frente da luta pelo fim da pobreza menstrual e sofreu diversos ataques por parte do governo e do presidente Bolsonaro ao defender a proposta. “Eu fico muito emocionada porque essa luta vai servir de inspiração para mim e para muitas meninas pelos próximos anos. Que a gente se lembre que, apesar da nossa luta ser histórica, a mudança apenas começou.”
Tabata chamou de chacota o que Bolsonaro fez ao longo do período em que o fim da pobreza menstrual esteve em discussão, mesmo sabendo que muitas meninas perdem até 45 dias de aula por ano pela falta de um absorvente. “Ele fez piada da nossa luta mesmo sabendo que mulheres em situação de rua, mulheres em situação de cárcere, por usar um miolo de pão, um jornal sujo, um lençol rasgado adquirem infecções graves. É dessa realidade que a gente está falando”, lamentou.
Mas, segundo ela, aconteceu o que Bolsonaro não esperava. Uma verdadeira mobilização da sociedade, de movimentos sociais e de governos estaduais e municipais levou o País a uma revolução cultural. “O que Bolsonaro e o seu grupo não conseguiam imaginar é que esse movimento tomaria conta do Brasil. São dezenas de estados e municípios que se somaram a essa luta. Dezenas de parlamentares, a Bancada Feminina, a sociedade, o Girl Up – movimento da Fundação das Nações Unidas que reúne e conecta meninas globalmente para que liderem a luta pela igualdade de gênero -, meninas, mulheres, pessoas que menstruam nesse país”, enfatizou Tabata Amaral.
Decreto – Tabata Amaral lembrou ainda da tentativa de Bolsonaro em demonstrar sensibilidade ao assinar um decreto, no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, que na prática não passou de mais uma chacota com as mulheres. No dia da publicação, Tabata destacou que o documento não estabelecia prazo, recursos, nem fonte de financiamento. “Na verdade, ele só quis dizer que fez e tentou esvaziar a nossa luta”, afirmou ao lembrar que, com o decreto, Bolsonaro excluiu cerca de 2 milhões de mulheres do benefício.
Para ela, a mobilização que levou a essa importante vitória tem que continuar para que novas conquistas sejam alcançadas. “Vamos simbora! Temos um país extremamente desigual, extremamente preconceituoso e extremamente violento para mudar, mas quando olho para esse mobilização tenho certeza que a gente vai conseguir”, convocou Tabata no Plenário da Câmara.