O engajamento do jovem eleitor no processo democrático foi tema de audiência pública na Comissão de Educação, nesta segunda-feira (8), a pedido da deputada Lídice da Mata (PSB-BA). O debate também tratou da forma como a educação contribui no processo de conscientização política.
Lídice lembra que o direito ao voto é uma oportunidade de exercício da cidadania com impacto direto na condução do País: “É essencial para o processo democrático incentivar jovens na escolha dos representantes políticos e, ainda, na fiscalização da atuação política e no processo de construção de tomadas de decisões em todos os níveis de governança”, afirmou.
No Brasil, o voto é facultativo para adolescentes de 16 e 17 anos e obrigatório a partir dos 18 anos. Após uma forte campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em parceria com plataformas, influenciadores digitais e entidades representativas, houve o aumento de 47% de jovens que tiraram o título de eleitor para a eleição de 2022, comparado ao pleito de 2018.
Maria Claudia Bucchianeri, ministra substituta do TSE, afirmou que a presença do Tribunal nas redes sociais e o acordo com as plataformas foi essencial para dialogar com os jovens sobre a importância do voto e os riscos da desinformação. Desde o final de 2019, o TSE lançou uma página no portal da Justiça Eleitoral destinado a jovens a partir de 16 anos, para tirar as principais dúvidas sobre o título, sobre as datas de votação e as diferenças entre eleição geral e municipal.
Engajamento:
A União Nacional dos Estudantes (UNE) teve importante papel na campanha de engajamento para que jovens tirassem o título. De acordo com a diretora de Relações Institucionais da UNE, Thaís Bernardes, a campanha da entidade contou ainda com o seguinte slogan: tire o título para tirar Bolsonaro. “É importante destacar que não existe um inimigo maior da juventude do que o atual Governo. Vivemos um momento decisivo e a juventude depois de muito tempo se coloca à disposição do País para fazer uma nova história e dar uma respostas às mazelas que atrapalham o nosso futuro, como a fome, a interrupção dos estudos, a ausência de políticas de atenção e a insegurança alimentar”, acrescentou.
Para o líder de Relações Governamentais do Movimento Todos pela Educação, Lucas Hoogerbrugge, não há como falar em educação sem falar em democracia. “Evidências mostram que o investimento em educação traz melhora nos indicadores de saúde, diminui a criminalidade, a violência, melhora o desenvolvimento econômico e melhora a qualidade da democracia”, disse.
De acordo com Lucas, a juventude deseja participar do debate sobre o futuro do País, mas quer e deve ser ouvida. “Temos que fazer os debates, falar de protagonismo, combater a desinformação e fazer com que desenvolvam senso crítico de análise para serem eleitores conscientes e consigam postular seus direitos”, reforçou.
Combate à desinformação:
Os riscos para a democracia por meio das fake news foram abordados por Carlos Eduardo, superintendente regional da Polícia Federal do Ceará. Para ele, é essencial que os jovens façam parte do processo democrático e do combate à desinformação. “Não estamos falando de mentiras, mas de alteração da verdade, violência e alteração de fatos como instrumento de contaminação e destruição da arena pública que o debate deve acontecer. Temos que nos unir aos jovens e lutar pelo debate democrático que permite dissenso e respeita as diferenças, sem tolerar o ódio e a discriminação”, disse.
Segundo Lídice, as eleições de 2018 foram marcadas pela forte presença das fake news nas redes sociais com a manipulação da opinião pública. De acordo com ela, essa prática passou a fazer parte da realidade da sociedade e oferece sérios riscos a diversos setores, como as mentiras sobre a vacinação durante a pandemia da Covid-19. “Portanto, formar desde cedo a população com valores de cidadania e democracia é essencial para o Brasil que precisamos fortalecer e construir, além de ser possível preparar a sociedade para o enfrentamento à desinformação”, reforçou.