O deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) criticou a postura do Brasil a respeito das propostas que o país levará à Conferência do Clima (COP) 26, que acontecerá em Glasgow, na Escócia. A pedido do parlamentar, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizou audiência pública, nesta sexta-feira (8), para tratar do assunto.
Ele lembrou que durante a Cúpula do Clima o presidente da República Jair Bolsonaro afirmou que ampliaria os recursos para o combate ao desmatamento, o que não ocorreu na prática. “O Brasil chega à COP com o passivo de aumento de desmatamento e proposição de uma agenda legislativa que possibilita o aumento do desmatamento”, disse.
O parlamentar também citou que o Congresso aprovou, a pedido do presidente, os projetos de lei da grilagem, o que prejudica o licenciamento ambiental e outros piores, como o que regulamenta a mineração em terras indígenas. “Essa foi a agenda que o presidente levou para o Congresso Nacional como prioritária. É uma contradição entre o que o presidente falou na Cúpula e a disposição do Brasil em promover a preservação ambiental.”
Para o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), falta uma assertividade maior do governo brasileiro. Ele disse que não consegue entender essa “política míope” atual do ponto de vista ambiental nem do ponto de vista de relações internacionais.
Ele também afirmou que ficou evidente que o Brasil vai para uma Conferência de Clima sem ambições. O deputafo destacou que falta a implementação de políticas públicas essenciais no âmbito interno, além da questão dos compromissos internacionais. “Não dá pra aceitar a situação do desmatamento que a gente tem hoje e não dá pra aceitar o discurso diferente da prática”, criticou.
O socialista também alertou para os riscos das mudanças climáticas, que estão se intensificando. “Os prejuízos para a vida humana serão gravíssimos, além dos impactos para a biodiversidade. Não dá para esperar muito do atual governo”, lamentou.
Capiberibe ressaltou que os parlamentares ambientalistas lutarão para levar à COP uma participação que represente, pelo menos, uma parte da sociedade. “O parlamento é a representação do conjunto. Estamos falando do futuro da humanidade. Para isso, é preciso ter união entre o Congresso, o setor privado e a sociedade civil, que lutam muitas vezes por conta própria”, declarou.
Agostinho reforçou que o Brasil vai para a Conferência com o olhar cego, achando que todos os países vão ao evento com o objetivo de arranjar dinheiro. “Essa é uma visão errada. Precisamos ir para a Conferência com o intuito de ajudar a resolver esse que é o maior desafio da humanidade nos tempos de hoje. Não é ir para a Conferência pensando no dinheiro sem ter sequer a governança para utilizar esses recursos.”