Subcomissão de Modernização do Futebol aprova nota de repúdio ao racismo sofrido por Vini Jr.

A Comissão do Esporte e a Subcomissão de Modernização do Futebol aprovou, nesta terça-feira (23), nota de repúdio ao caso de racismo sofrido pelo jogador brasileiro Vinicius Jr, que joga no Real Madrid. Em jogo contra o Valencia, na Espanha, o atleta foi xingado por torcedores que estavam na arquibancada de “macaco”, em clara ação racista. O jogo chegou a ser paralisado por oito minutos após os atos criminosos.

O relator da Subcomissão, deputado Eduardo Bandeira de Mello (PSB-RJ), leu a nota, idealizada por ele. O parlamentar destacou as constantes humilhações sofridas por Vini Jr. dentro de campo pela cor da sua pele. “Ele é alvo de oito dos nove ataques racistas registrados pela La Liga – organizadora do campeonato espanhol. E o jogador ainda foi atacado pelo presidente da liga nas redes sociais, após o último absurdo ataque”, lamentou.

A nota falou ainda do comentário do técnico do Valencia, time dos torcedores racistas, que minimizou a questão dizendo que “nada deve nos distrair da nossa felicidade”. Bandeira deixou claro no texto que não há felicidade onde um jogador sai de campo chorando por ser chamado de macaco, recebe mata-leão e ainda é expulso da partida. “Infelizmente, na Europa, o espaço de manifestação durante os jogos se tornou ambiente hostil e racista, onde a livre manifestação do ódio conta com a conivência dos cartolas”, acrescentou.

Enquanto presidente do Flamengo, Bandeira de Mello foi um dos negociadores da venda do Vini Jr. para o time espanhol. De acordo com ele, o atleta é uma das melhores pessoas que conheceu dentro do ambiente do futebol e ainda um dos melhores jogadores do mundo.

O líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras (PE), afirmou que, já na largada, a Subcomissão de Modernização do Futebol mostra sua proatividade com a nota de repúdio, mostrando toda a indignação do povo brasileiro com os ataques sofridos por Vini Jr. “É algo impressionante como ainda vemos no futebol mundial atitudes de racismo que devem ser banidas e punidas severamente”, disse.

Para a deputada Lídice da Mata (PSB-BA), além de inaceitável e odioso o atleta ter que passar por esse tipo de absurdo, ainda tem a questão das crianças que assistem seus pais, mães ou parentes gritando palavras racistas nos estádios. “Qual será o futuro dessas crianças? Precisamos impedir a continuidade disso. A iniciativa de Bandeira de Mello é necessária e sugiro que a nota seja enviada para a Fifa e para a embaixada da Espanha. Vamos deixar claro que não vamos aceitar esse tipo de manifestação”, afirmou.

O deputado Jonas Donizette (PSB-SP) comentou sobre a atuação do governo brasileiro em agir com rapidez na situação. “O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, condenou de imediato os atos racistas. O ministro da Justiça, Flávio Dino, quer considerar nossas leis nacionais para agir nesse caso. Ver que o Governo não ficou inerte é importante para saber que estão lutando pelo seu povo, dentro e fora do País”, destacou. O deputado defende uma legislação mais rígida, com punibilidade da própria agremiação que está disputando o jogo, dando corresponsabilidade para a torcida.

Plano de Trabalho da Subcomissão:

Bandeira de Mello, relator do colegiado, apresentou na reunião de ontem o plano de trabalho que será dividido em quatro eixos: governança, trabalho, espetáculo e além das quatro linhas.

Entre os temas que serão debatidos estão a revisão da legislação, as possíveis linhas de financiamento público para clubes, as relações trabalhistas entre atletas e equipes, o ingresso social nos estádios e os pilares ambiental, social e de boa governança no futebol brasileiro.

O colegiado, que funciona no âmbito da Comissão do Esporte, foi proposto por Bandeira e debaterá planos e ações legislativas para o apoio a políticas públicas e programas governamentais e não governamentais que apresentem relação com o futebol brasileiro.