A situação de brasileiros residentes na Ucrânia que tentam deixar o país devido à guerra com a Rússia, declarada pelo presidente Vladimir Putin, está cada vez mais crítica. Preocupados com os relatos que receberam de cidadãos que não conseguem sair da Ucrânia por falta de apoio do Governo Federal, deputados da Bancada Socialista da Câmara encaminharam documento ao ministro das Relações Exteriores, Carlos França, com indicação de medidas urgentes para a retirada de cerca de 500 brasileiros da Ucrânia.
O governo Bolsonaro os deixou entregues à própria sorte, com as vidas ameaçadas, mesmo com o pedido de ajuda para saírem do país após os ataques e bombardeios da Rússia em todo o território ucraniano. “Salientamos a urgência da medida, já que os relatos dos grupos são de total ausência de apoio por parte do Ministério das Relações Exteriores, com informações incompletas, equivocadas e desencontradas. Eles estão em situação de grave risco pessoal e sofrem com a inércia e irresponsabilidade do Governo”, afirmam os parlamentares.
O Itamaraty, de forma irresponsável, alegou que não tem como realizar operações de resgate, mesmo com relatos desesperados do cenário de guerra e falta de abastecimento na região. A maioria dos brasileiros se encontra na capital da Ucrânia, Kiev. Os grupos dizem que não estão conseguindo nem entrar em contato com a Embaixada do Brasil, que divulgou nota recomendando que eles se desloquem por conta própria para outros países. Há denúncias de que alguns brasileiros estão conseguindo sair com ajuda de estrangeiros, mas chegam em outros países sem nenhuma segurança diplomática e sem a ajuda das representações brasileiras.
Os socialistas reforçam que os cidadãos estão em fogo cruzado e vivendo situação de completo desespero. “Um grupo de cerca de 40 brasileiros, muito ligado a clubes de futebol, que se encontra num hotel em Kiev, relata que há iniciativas de países como a França e a Itália e de organizações como a FIFA, mas nenhum retorno do Governo Brasileiro. Ao contrário de colegas italianos e de outras nacionalidades, os brasileiros relatam que estão sendo deixados à própria sorte”, criticam. No pedido de indicação, os deputados sugerem que o Brasil busque cooperação com Estados europeus para que brasileiros sejam incluídos em operações europeias de resgate e evacuação via terrestre para assegurar a esses cidadãos o retorno imediato ou alocação temporária em condições dignas.
Além disso, diante do cenário caótico e da atitude irresponsável do governo Bolsonaro, a bancada socialista sugere que o Ministério das Relações Exteriores busque ativamente contato com todos os brasileiros em território ucraniano para viabilizar a proteção e o retorno ao Brasil; que haja esforços diplomáticos para que seja alcançado um cessar-fogo que assegure a completa evacuação de civis; que todas as ações de proteção e retorno dos brasileiros seja conduzida com transparência; e que as futuras manifestações e ações do Ministério, no tocante à crise da Ucrânia, sejam guiadas pelos princípios da prevalência dos direitos humanos, da defesa da paz e da solução pacífica de conflitos, previstos na Constituição.
Além do líder do PSB na Câmara, deputado Bira do Pindaré (MA), assinaram a indicação a deputada Lídice da Mata (BA) e os deputados Aliel Machado (PR), Camilo Capiberibe (AP), Cássio Andrade (PA), Danilo Cabral (PE), Denis Bezerra (CE), Felipe Carreras (PE), Heitor Schuch (RS), Júlio Delgado (MG), Luciano Ducci (PR), Mauro Nazif (RO), Milton Coelho (PE), Rafael Motta (RN), Ricardo Silva (SP), Alessandro Molon (RJ), Tabata Amaral (SP), Marcelo Freixo (RJ) e Vilson da Fetaemg (MG).
Convocação:
Nesta sexta-feira (25), o deputado Ricardo Silva apresentou um pedido de convocação do ministro de Relações Exteriores, Carlos França, para que esclareça, na Câmara, quais são os esforços para proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia.
“Até o momento, não foi apresentada nenhuma informação ou instrução sobre o plano de resgate destas centenas de brasileiros, para que seja feita a evacuação em segurança, com a garantia de preservação de suas vidas e integridade física. O ministro precisa explicar o que será feito”, argumentou Silva.
