Socialistas que representarão o Brasil na COP26 criticam Bolsonaro e desconfiam de metas estabelecidas pelo Brasil

Os deputados socialistas Alessandro Molon (RJ), Aliel Machado (PR) e Rodrigo Agostinho (SP) representarão o Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, em Glasgow, na Escócia. Eles integrarão a missão oficial que participará do evento pela Câmara dos Deputados.

Nestes primeiros dias, o governo brasileiro surpreendeu a todos e decidiu assinar importante acordo sobre proteção de florestas, anunciado na COP 26. Esse novo compromisso estabelece a meta de 2030 para acabar com o desmatamento. O Brasil também apresentou a meta de redução dos gases poluentes de 43% para 50% até 2030, além de se comprometer em antecipar a meta de zerar o desmatamento ilegal de 2030 para 2028.

No entanto, essas metas apresentadas pelo governo não convenceram os parlamentares socialistas nem especialistas. Prova disso é que, apesar das promessas, o Governo Federal reduziu os investimentos em estudos para preparar o País para os efeitos da crise climática. De 2016 a 2018, o investimento caiu de R$ 20,7 milhões para R$ 2 milhões, por exemplo.

Para o líder da Oposição, Alessandro Molon, o governo Bolsonaro tenta, mais uma vez, enganar o mundo. “Na COP26, ele diz que aumentou a redução dos gases causadores do efeito estufa, mas, na prática, equipara ao que já estava previsto desde 2015. Mais um vexame internacional!”

Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, Rodrigo Agostinho é autor da PEC que inclui a segurança climática na Constituição Federal. Ele participará de diversas reuniões para tratar de assuntos correlatos como o aumento do desmatamento, desregulamentação ambiental, liberação de agrotóxicos e mercado de carbono.

O socialista considera que a contribuição mais relevante que o Brasil pode dar para amenizar os efeitos das mudanças climáticas é o desmatamento zero. “Não podemos permitir que haja mais afrouxamento da legislação sob o risco de assistirmos cada vez mais eventos com severas consequências ao meio ambiente. Nós perdemos 1,5 milhão de hectares de florestas por ano. É muito. Precisávamos levar uma nova meta climática, não para 2050, mas sim metas de curto, médio e longo prazos”, alertou.

Segundo Agostinho, o Brasil não está fazendo seu dever de casa. “O desregramento ambiental tem sido uma marca e isso está cobrando um preço elevado para nosso país lá fora”, lamentou. “O Brasil é para ser o grande líder nesse processo. Sempre lideramos as negociações internacionais de clima. Não se pode continuar fazendo maquiagem verde. O Brasil deveria ser o grande protagonista, é para ser o país que vai receber o maior número de investimentos”, ponderou.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que também participará do evento, criticou a ausência de Bolsonaro na COP26. Ela disse que o Brasil não vai conseguir virar a chave para ser um país sustentável com Bolsonaro no poder. “Em nada surpreende a ausência de Bolsonaro na COP26. Estarei lá para representar um outro Brasil, que tem o desenvolvimento sustentável como meta e que se preocupa com o aquecimento global”, disse.

O deputado Aliel Machado considera que o Brasil passa por um dos momentos mais desafiadores em relação à imagem externa do país. Isso ocorre pelas ações do atual governo, que abandonou as relações internacionais, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente. “Desde o início de seu governo, o presidente da República trata com desdém as políticas ambientais”, afirmou.

O parlamentar reforçou que é preciso recuperar a imagem do Brasil, mas não apenas com as promessas do governo de redução de gases poluentes. Para ele, é preciso a implementação de ações concretas, como o fortalecimento das instituições que podem fiscalizar o desmatamento ilegal e o investimento em ciência e tecnologia.